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Guerra Rússia x Ucrânia

Zelensky afirma que ‘Lula quer ser original’ no plano de paz

Presidente ucraniano diz que ainda tenta uma reunião com o brasileiro após desencontro em Hiroshima

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Foto: HANDOUT / UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / AFP

Em entrevista a sete veículos de imprensa da América Latina, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou que quer se reunir com Luiz Inácio Lula da Silva para ouvir as propostas do líder brasileiro para acabar com a guerra promovida pela Rússia. Ele criticou, porém, o que chamou de falta de vontade e de tempo do petista para se reunir com ele em Hiroshima, na cúpula do G7, grupo que reúne algumas das maiores economias globais.

Para entrar lá, os jornalistas passaram por cinco checagens de segurança e só puderam levar seus blocos de anotações, deixando de fora telefones, bolsas e até as suas próprias canetas, item depois fornecido aos repórteres pelo governo ucraniano. O temor é que a Rússia rastreie o sinal dos celulares para mirar o presidente com os mísseis que lançam diariamente sobre o país desde fevereiro do ano passado.

Falta de apoio

Segundo Zelenski, o desencontro que impediu uma reunião no Japão não foi culpa da Ucrânia, o que contradiz afirmações do governo brasileiro —Lula disse que o ucraniano não apareceu na hora marcada. Ele também criticou o petista pela falta de apoio para a criação de um tribunal especial internacional que julgue crimes de agressão na guerra e disse que o líder brasileiro quer ser “original” em suas propostas.

“Lula quer ser original, e devemos dar essa oportunidade a ele. Agora, é preciso responder a algumas perguntas muito simples. O presidente acha que assassinos devem ser condenados e presos? Creio que, se tiver a oportunidade, ele dirá que sim. Ele encontrará tempo para responder a essa questão? Ele não achou tempo para se reunir comigo, mas, talvez, tenha tempo para responder a essa pergunta. ”,

alfinetou o ucraniano.

Indagado se deseja uma bilateral com Lula e sobre a razão pela qual não se encontraram em Hiroshima, Zelensky negou a versão brasileira de que ele não apareceu no horário marcado. Na época, a comitiva brasileira afirmou que a equipe ucraniana pediu para alterar três vezes a hora do encontro, antes de parar de responder às mensagens.

“Disseram que a gente não havia tentado nem se esforçado para encontrá-lo, isto não é verdade. Não é gente séria, substantiva, que está dizendo isso” disse Zelensky, antes de afirmar que

“alguma coisa não deu certo no G7, não quero entrar em detalhes, mas definitivamente não foi por nossa causa que não deu certo” e que, para haver uma conversa, “é preciso que haja vontade”.

O presidente ucraniano, contudo, afirmou voltou a afirmar que quer se encontrar com o par brasileiro, em meio a sua tentativa de angariar apoio na América Latina e em um Sul Global que hesita em embarcar na enxurrada de sanções ocidentais e no envio de armas aos ucranianos. A dependência econômica da Rússia e o medo de uma escalada do conflito para a economia mundial, em particular, despertam temor, assim como a percepção de que a guerra é um problema principalmente europeu.

Segundo Zelensky, Lula já foi convidado “várias vezes” para ir à Ucrânia, e houve contato entre ambas equipes durante a viagem do petista à Espanha e Portugal em abril — ocasião que, segundo o ucraniano, seria boa porque a “distância era menor e talvez ele conseguisse encontrar um tempo”. O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, esteve em Kiev há menos de um mês, depois de ir à Moscou em abril.

“É importante que a grande potência, o representante da América Latina, o Brasil, esteja envolvido e no mesmo patamar de outros países na discussão da fórmula da paz”,

afirmou Zelensky.

“Os brasileiros podem ter seus próprios pontos de vista sobre qual deveria ser o caminho para a paz. Tudo bem, estamos dialogando, somos civilizados. Mas precisamos conversar.”

O comentário do presidente ucraniano sobre Lula foi feito na tentativa de pôr ambos lados na mesa de negociações sem condições prévias foi feita em resposta a uma pergunta sobre a importância de criar um tribunal especial internacional para julgar crimes de agressão russa na guerra da Ucrânia. O Brasil não se opõe explicitamente à medida, mas também não declarou seu endosso.

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