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Amazonas tem número insuficiente de médicos especialistas, aponta levantamento do CFM

O Amazonas possui apenas um especialista em Genética Médica, três em Medicina Física e Reabilitação, cinco em Medicina de Emergência e oito em Geriatria

Bianca Ruiz é médica generalista e atende em Iranduba Foto: Divulgação

Manaus (AM) – O Brasil possui 564.385 mil médicos, número considerado significativo, mas a distribuição dos profissionais por região está muito longe do ideal. Conforme levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), em seu BI, divulgado este ano, o Norte possui a menor quantidade de médicos em atuação por 1000 habitantes, seguido do Nordeste. No ranking por estado, o Pará aparece em pior situação. Depois vem Maranhão, Amazonas e Acre.

O Sudeste possui 3,39 médicos por cada mil habitantes. No Centro-Oeste são 3,10 e, no Sul, 2,95. O Nordeste tem 1,93 e o Norte 1,45. Quando analisados os dados por unidade da federação, a discrepância na distribuição dos profissionais também é grande. O Pará, no Norte, está na pior colocação, com 1,18, seguido do Maranhão, no Nordeste, com 1,22. A lista segue com estados nortistas – o Amazonas, com 1,36 e o Acre, com 1,41 médicos por cada mil habitantes.

No interior, a situação é ainda pior. No caso do Amazonas, quando se considera apenas os 61 municípios do interior – sem contar com a capital –, a relação é de 0,15 profissional por mil habitantes. Em relação à especialistas, o estado tem defasagem em várias áreas. Com uma população de 3,87 milhões de habitantes, o Amazonas possui apenas um especialista em Genética Médica, três em Medicina Física e Reabilitação, cinco em Medicina de Emergência e oito em Geriatria.

O Diretor Nacional de Educação Médica Continuada do IPEMED, do grupo Afya, André Raeli, em visita ao Amazonas, ressaltou que a defasagem de profissionais tem impacto direto no dia a dia da população.

“Há especialidades que as pessoas precisam aguardar meses por uma consulta e/ou ainda têm que se deslocar até Manaus, para serem atendidas. Temos estudado esse cenário Brasil afora e proposto soluções para capacitar esses novos médicos que têm chegado em descompasso com as vagas de residência médica do país”,

afirmou.

Os médicos que trabalham no interior do Amazonas reforçam que a demanda por especialistas é alta, no local. É o caso de Bianca Ruiz, médica generalista que atende no município de Iranduba (distante 19 km de Manaus). Ela conta que, durante os atendimentos, surgem muitos casos de doenças oftalmológicas, dermatológicas e neurológicas, principalmente nas consultas realizadas nas comunidades ribeirinhas.

“Os pacientes dessas localidades são muito humildes e com baixo poder aquisitivo. Vivem da pesca e da produção rural. É muito difícil terem condições financeiras para se deslocar até Manaus, para procurar atendimento especializado”,

observou.

Segundo Bianca, a oportunidade de atuar no interior do estado é muito enriquecedora. “As pessoas são muito gratas e esse carinho transborda. Fico muito contente de dedicar parte do meu tempo a elas”, comenta.

Para ajudar ainda mais os pacientes, Bianca iniciou especialização em Neuropediatria no IPEMED. “A Neurologia é uma área que eu sempre tive interesse e quis me aprofundar. Durante o trabalho no interior, comecei a receber crianças com autismo e outras questões neurológicas. Percebi que precisava de mais conhecimento, para poder atendê-las melhor, e então iniciei o curso. Além disso, é uma área em expansão e com demanda profissional”, avalia.

Bianca Ruiz atende moradores de comunidades em Iranduba Foto: Divulgação

Outro médico que optou pela atuação no interior do estado é o também generalista Marcus Reis. No Amazonas desde 2015, quando veio do Rio de Janeiro como médico voluntário do Exército, ele decidiu construir carreira em Tabatinga (a 1.106 km de Manaus) e, agora, está cursando pós-graduação em Endocrinologia no IPEMED.

Marcus já é pós-graduado em Ultrassonografia, Medicina do Trabalho e Medicina de Família. “A decisão pelo curso de Endocrinologia foi para refinar os conhecimentos que necessito para conduzir bem a clínica ambulatorial que já pratico com os pacientes”, destacou.

Formação profissional

O IPEMED faz parte do Grupo Afya, o maior na área de formação e tecnologia médica, no país. O Diretor Nacional da instituição ressalta que uma das soluções para reduzir a defasagem de profissionais que existe hoje na região passa pela educação continuada.

Além de contribuir com a maior oferta de especialistas no mercado, ele ressalta que a pós-graduação médica é uma forma de também resolver um problema que acontece no país inteiro: a escassez de vagas de residência médica frente à alta demanda por especialização.

“Todos os anos são formados dezenas de milhares de médicos, que acirram a concorrência por vagas de residência. Esse número mais do que duplicou nos últimos anos. A pós-graduação, além de também capacitar o aluno para a prova de título, aumenta em torno de 30% o valor do salário do médico generalista, permitindo que amplie seu leque de atendimento profissional, logo depois de formado”,

frisou.

*Com informações da assessoria

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