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inovação na indústria

Potencial inovador dos ‘gêmeos digitais’ pode impulsionar a eficiência da indústria amazonense

Especialistas discutem como a aplicação da tecnologia pode antecipar e ajudar na resolução de problemas na indústria

Manaus (AM) — Ter uma “cópia” sua em um universo digital onde você pode prever cenários que antecipam problemas e assim resolvê-los antes que os impactos cheguem na “vida real” pode parecer a trama de uma ficção científica, mas é algo que já está mais presente no nosso cotidiano do que podemos imaginar. Com essa proposta, no cenário da Indústria 4.0, este conceito de “gêmeos digitais” tem se destacado como uma ferramenta crucial para impulsionar a eficiência e a inovação nos processos industriais.

Para entender melhor como esse conceito é aplicado e os benefícios na prática, o especialista Ricardo Moura, gerente de projetos da Fundação Desembargador Paulo Feitoza (FPFtech), focada em soluções tecnológicas avançadas voltadas principalmente para a indústria, explica as maneiras que isso pode auxiliar no dia a dia das empresas.

Segundo Moura, um gêmeo digital é uma representação virtual precisa de um objeto, sistema ou processo do mundo real. Esse modelo digital reflete o comportamento e as características do objeto em tempo real, utilizando tecnologias como Internet das Coisas (IoT), simulação avançada, modelagem 3D, análises de dados em tempo real, Big Data e inteligência artificial.

“A expressão ‘gêmeo digital’ tem sua origem na analogia com os gêmeos idênticos no contexto biológico. Assim como os gêmeos biológicos são cópias genéticas um do outro, os gêmeos digitais são representações virtuais precisas de objeto. Os gêmeos digitais são frequentemente utilizados em diversas áreas, como na indústria, na engenharia, na saúde, utilizando tecnologias modernas. Em alguns casos, são usados também tecnologias de Realidade Aumentada, Realidade Virtual, entre outras tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0″,

contextualiza Moura.

Na FPFtech, a aplicação dos gêmeos digitais é uma prática constante para elevar a competência dos pesquisadores em tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0. Isso possibilita o desenvolvimento de sistemas ciberfísicos, contribuindo para a maturidade industrial dos processos dos clientes.

“Após a implementação de um gêmeo digital, inúmeras oportunidades de melhoria nos processos são identificadas, e isso impulsiona modificações que impactam na dinâmica das interações dos envolvidos de forma real nos processos. Essas transformações levam, invariavelmente a necessidades de adaptações, estimulando as pessoas no desenvolvimento de novas habilidades e evoluir profissionalmente”,

afirma Moura.

Para exemplificar como os gêmeos digitais têm sido aplicados com sucesso na prática, um dos casos com melhores resultados tem sido o da TPV, indústria de eletrônicos localizada no Polo Industrial de Manaus. Rômulo Fabrício, gerente técnico sênior de P&D da TPV, compartilha como a parceria com a FPFtech trouxe alguns benefícios e demandou certa adaptação da cultura em diversos setores da empresa.

Case de sucesso: TPV

A TPV trabalhou em um projeto desafiador de automação industrial, o T800, em parceria com a FPFtech. Rômulo destaca que, inicialmente, houve dificuldades de aculturação da equipe em relação aos gêmeos digitais, uma vez que a ideia de pensar de forma digital na indústria 4.0 é algo novo para muitos.

“Embora tenhamos enfrentado desafios, como convencer gestores da importância de uma automação mais robusta e flexível, vimos resultados significativos. Por exemplo, nossos gêmeos digitais de eficiência energética contribuíram diretamente para nossa certificação ISO 50001”,

relata Rômulo.

O gestor compartilhou ainda algumas barreiras que precisaram ser quebradas desde a implantação até a evolução dos gêmeos digitais na TPV. Alguns desafios notáveis incluíram a adaptação da cultura organizacional à era digital, a necessidade de flexibilidade nas automações para atender à diversidade de produtos e a constante evolução tecnológica.

“Temos registrado, sem dúvida nenhuma, resultados bastante positivos e estamos no processo de aculturar o nosso time, incutir na cabeça deles a importância de nós termos uma forma estruturada de captura, de processamento, de análise dos dados, que hoje ainda é uma cultura um pouco aquém daquilo que a gente gostaria que fosse. Mas a gente tem trabalhado nisso fortemente e as coisas têm mudado”,

completa Rômulo.

Ricardo Moura lembra ainda que o funcionamento adequado de um gêmeo digital requer que se tenha uma infraestrutura robusta, para que um grande volume de dados possa trafegar em tempo real.

“Nesse sentido, tecnologias como 5G são essenciais, garantindo baixa latência e bons tempos de resposta dos sistemas. Uma vez vencidos os desafios de infraestrutura, e conseguindo acessar esse grande volume de dados, o uso de técnicas de inteligência artificial podem ajudar a identificar padrões nunca antes observados nos processos, levando a formulações de soluções inéditas e disruptivas para melhorar os processos”,

salienta Moura.

Seja na otimização de processos de produção, na simulação de novos produtos, no treinamento de colaboradores em ambientes virtuais e até mesmo na redução de custos, os gêmeos digitais têm o potencial de transformar as operações das empresas do PIM, as tornando mais eficientes e preparadas para os desafios da Indústria 4.0.

*Com informações da assessoria

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