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Empreendedorismo feminino

Dia das mães: mulheres contam suas histórias como empreendedoras no AM

Seja pela necessidade, se dedicar a maternidade ou por sonho, muitas mães se tornaram empreendedoras no Amazonas após o nascimento dos filhos

Manaus (AM) – Não é novidade que as mulheres sempre enfrentaram, através dos tempos, obstáculos para se adequar a sociedade “dominada pelos homens”, mas ainda assim, desenvolveram a incrível capacidade de se adequar a esse cenário. Neste mesmo panorama, muitas mulheres que são mães, tiveram que desenvolver suas capacidades empreendedoras, em meio a desafios de se dividir entre ser mãe e provedora da renda da casa.

Para muitas mulheres, a veia voltada ao empreendedorismo, veio justamente após o nascimento dos filhos. O Em Tempo, buscou ouvir mães amazonenses, nesse dia dedicado a elas, para entender como se envolveram com seus próprios negócios.

Josi com o marido e os três filhos: José, de 29 anos, Joyce Kelly, 20 anos, e Aline, 13 anos

Josi Araújo é um exemplo de mãe que se tornou empreendedora após o nascimento dos três filhos. A empresária conta que decidiu montar uma lojinha de acessórios de cabelo com foco em crianças, após passar anos se dedicando apenas à maternidade. Segundo ela, buscava algo que não precisasse sair de casa e pudesse acompanhar o desenvolvimento dos filhos. Assim nasceu a @lojajosiaraújo.

Alguns dos laços que Josi produz em sua loja online. Foto: Reprodução

 “Depois de passar alguns anos sendo mãe em período integral, senti vontade de trabalhar, porém em algo que eu tivesse a liberdade de continuar cuidando dos meus filhos em casa”, revela a empresária que acompanha de perto a educação da filha mais nova, de 13 anos.

Alcinete com os três filhos: Sophya, 19, Alex, 16, e Gabriele, 8

Buscando se adequar aos desafios da maternidade e ser uma provedora da renda da casa, Alcinete Santana Alves, 49 anos, é proprietária de uma loja de roupas em Urucurituba (município distante 209 km de Manaus) e mãe de três filhos.

A empresária conta que a necessidade de obter renda para dar uma vida melhor aos filhos foi o principal motivo para se tornar empreendedora. “Eu vendia peixe e tucumã na orla de Urucurituba para fechar as contas da casa. Em 2011, virei sacoleira e levava as roupas até a casa de minhas clientes. Nesse tempo todo nunca trabalhei de carteira assinada. Atualmente, tenho uma loja física, mas não abandono também meu papel de mãe. Meu principal objetivo sempre foi o de dar o melhor a meus filhos”.

Loja de Alcinete em Urucurituba. Foto: Divulgação

Conciliando a vida de mãe com o empreendedorismo

Não é fácil dedicar-se a uma empresa e ainda cuidar dos filhos. Embora a sociedade tenha criado a imagem de mulheres superpoderosas, é preciso avaliar com todos os seres humanos tem seus momentos de fraqueza e de reavaliação de suas escolhas. O processo não é fácil, já que um dos sentimentos que se desenvolve, nesses casos, é a culpa por achar que está deixando fases da maternidade de lado. A maternidade é desafiadora e exige da mulher coisas que não são exigidas do pai, por exemplo. Por isso, o desafio de conciliar o empreendedorismo com o papel de mãe, sem deixar também o de mulher de lado, não é tarefa fácil.

Há um ditado que afirma que “ser mãe é padecer no paraíso”, remetendo às contraditórias emoções que seriam desencadeadas pelas vivências cotidianas da maternidade. Muito se falou e se fala sobre os mitos e fantasias ligados a essa experiência, e atualmente percebe-se um certo enfoque sobre algumas queixas frequentes entre mães, mais especificamente o cansaço.

Com as mudanças nos padrões de relacionamento interpessoal, a sociedade vem refletindo sobre os estigmas colocados sobre a mulher e a maternidade. Nesse processo, participam de maneira incontestável os profissionais da saúde mental, tanto nas terapias individuais quanto nas discussões coletivas, oferecendo escuta, suporte, oportunidade de mudança de comportamento e alívio.

A confeiteira Viviane com o marido e dois filhos: Paulo Eduardo, 20 anos, e Yasmim Vivian, 8 anos

A confeiteira Viviane Quadros de Castro, 36 anos, é mãe de dois filhos e formada em administração. Ela decidiu se tornar uma empreendedora e criar a @docevicakesedelicias para gerar renda e conciliar os cuidados da filha de 8 anos.

Uma das produções que a Viviane fez pela @docevicakesedelicias

Enfrentando obstáculos pelo caminho, ela conta que buscou adaptar as suas atividades e se organizar, para fazer da melhor maneira possível, produzindo as suas encomendas durante a madrugada, quando todos ainda estão dormindo.

“Ser mãe e empreender é um dos meus maiores desafios, pois a demanda é grande e os desafios chegam a todo momento. Muitas vezes aproveito o horário que todos estão dormindo para adiantar a produção do dia seguinte”, revelou Viviane.

Maria de Jesus Gama, 47 anos, é mais um exemplo de mãe que “se vira nos 30” e realiza diversas atividades. Há muito tempo como empreendedora, a mãe de dois filhos já conseguiu se sustentar por dois anos apenas vendendo bombons, e ainda ajudar no pagamento da faculdade da filha mais velha.

Maria de Jesus e os dois filhos: Suyanne, de 24 anos, e Luan Victor, 15 anos. Foto: Reprodução

Atualmente, a empreendedora faz kits em datas especiais e inclusive, preparou alguns para vender no dia das mães, em frente a Shopping Centers de Manaus. Ela revela que gosta de trabalhar desta forma e que seu sonho é ter uma loja de variedades.

“Eu me divido em cuidar dos meus filhos, cuidar da casa, ajudar na igreja, cuidar do meu negócio e estudar pedagogia, pois estou me formando. Tem dias que eu amanheço, mas é por um objetivo de que mais tarde serei recompensada. Mas temos que nos virar, e as mulheres conseguem fazer isso”, conta sobre sua rotina.

É de conhecimento geral que a maternidade é algo que transforma a vida da mulher em todos os sentidos. Kátia Rocha, de 52 anos, foi uma dessas mulheres que teve a vivência após o nascimento de sua única filha, há 29 anos.

Kátia e a única filha

Durante a criação da filha, confeitar foi a forma que encontrou para conciliar as atividades maternas e a de busca pela renda, e por isso, criou a @bolariadatitia. Após o crescimento da menina, que hoje é uma mulher, Kátia tem a ajuda da filha em dias difíceis e revela que a sua força para continuar vem da maternidade.

Kátia participa de bazars com seus doces. Foto: Divulgação

“No começo era um pouco difícil, porém hoje em dia, minha filha acaba me ajudando a desenvolver e confeccionar os bolos e doces. Grande parte da minha força, coragem e concentração vem da minha filha. Ela é minha parceira, amiga, que me auxilia em tudo o que eu preciso”, revelou Kátia.

Economista explica cenário de mães empreendedoras

O economista Origenes Martins analisou o cenário de mães empreendedoras que vem se formando nos últimos tempos. Ele ressaltou que empreendedores são aqueles que buscam oportunidades onde elas não existem, e a mãe é um exemplo claro disso.

“A questão não é ser mulher, ser mãe, é aquela pessoa que mesmo tendo que cuidar de uma casa, de uma família, ela também precisa resolver o problema do orçamento doméstico. Então nesse caso, ela precisa buscar as suas qualidades, as suas capacidades produtivas para criar um produto e conquistar um mercado que está ali ao lado dela”, destacou o economista.

Origenes ainda ressalta que o empreendedorismo cresceu muito nos últimos anos e as mulheres foram umas das principais engajadoras. Para o economista, as mães merecem ser reconhecidas por irem à luta e transformarem a economia do segmento em que vivem.

“Mulher empreendedora, mãe empreendedora, todas as beneficies, todos os parabéns, porque não ficaram de braços cruzados, não ficaram se vitimizando e foram à luta. Elas vão à luta, sustentam a família, tendo que dar a sua vida pela vida dos filhos, para ter um retorno financeiro”, finalizou Origenes.

Rede Estadual de Mulheres Empreendedoras

A Rede Estadual de Mulheres Empreendedoras (Reme), vinculada à Frente Parlamentar Estadual de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Frempeei), reuniu na manhã de quinta-feira, 5, as mães que atuam no segmento associadas ao Instituto AME, do bairro Riacho Doce 1, para mais uma ação de orientação e formalização. O presidente da Frempeei, deputado Adjuto Afonso (UB), enfatizou a importância de incentivar o empreendedorismo junto às mães do Amazonas.

“Uma pesquisa nacional revelou que 48,7% das famílias brasileiras são chefiadas por mulheres, que dão o jeito para o sustento dos filhos também. Ser mãe empreendedora é fazer da maternidade uma inspiração para progredir mais a cada dia e cuidar do futuro dos filhos. Estar comemorando junto com as mães do Instituto AME é uma honra. Criamos a Reme justamente para reforçar o poder feminino nessa área que já é muito presente. Desejo um feliz dia das mães e parabéns a vocês mulheres guerreiras, que trabalham, se dividem e se reinventam assumindo as mais diferentes funções para garantir o sustento da casa”, ressaltou Adjuto Afonso.

A presidente da Reme, Mirian Belmont, agradeceu ao deputado pelo momento proporcionado e falou do trabalho realizado pela Rede de Mulheres no Amazonas, que vem se destacando.

“As mães que se destacam no empreendedorismo precisam desse apoio, desse prestígio que o deputado Adjuto constantemente nos proporciona. Como presidente da Reme, temos de forma conjunta a missão de treinar, capacitar e atrair mais mulheres para o empreendedorismo e a mulher mãe, tem ainda mais a necessidade de empreender. São 48% de mulheres mães que hoje são chefes de família e no que depender de nós esses dados, principalmente aqui, no Amazonas, só tendem a crescer”, agradeceu Mirian.

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