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falta de insumos

Mais de 10 mil trabalhadores vão entrar de férias coletivas no PIM por conta da seca, aponta sindicato

Estatísticas apontam que aproximadamente 35 empresas do Polo Industrial de Manaus irão aderir à medida

Reprodução: Divulgação/Abraciclo

Manaus (AM) – O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), Valdemir Santana, informou que aproximadamente 15 mil trabalhadores entrarão em férias coletivas por conta da forte seca que atinge do Amazonas. Estatísticas apontam que aproximadamente 35 empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM), irão aderir à medida. Conforme especialista, a medida pode preservar empregos, mas deve impactar a economia amazonense.

O Rio Negro alcançou a cota de 13,49 metros, nesta terça-feira (17), o menor nível desde o início da contagem no Porto de Manaus, em 1902. Conforme a Gerência de Encaminhamento e Acompanhamento (GEA), a tendência é de que o volume dos rios continue baixando até o final deste mês.

Sem ter como atracar no porto da cidade, os navios carregados com insumos vindo de outras regiões para abastecer as fábricas do PIM, navegam com dificuldade na área pela falta de sinalização dos rios amazonenses.

Em preparação à Black Friday, o momento preocupa representantes das indústrias, uma vez que muitos produtos originados na Zona Franca de Manaus (ZFM) são escoados para outros cantos do país, como apontou o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo.

“Há muito tempo reivindicamos a sinalização das nossas hidrovias para a dragagem dos rios, a fim de melhorar a navegação, sinalização dos rios para o transporte seguro e para quando chegar essa época não haver esse problema”,

relembrou o profissional.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Amazonas (Fecomércio-AM) realizou, na segunda-feira (16), uma reunião com representantes de portos, terminais e transporte intermodal para tratar sobre a estiagem e a dificuldade de atracar nos portos de Manaus.

Entre os assuntos tratados como urgência estão a dragagem dos rios e a reconstrução da BR-319, vias que facilitam o transporte de mercadoria, e viabilizam o escoamento da produção agropecuária, industrial e comercial do Amazonas.

“No momento em que a mercadoria, através do rodofluvial, precisa sair de Porto Velho, a embarcação não tem capacidade de navegação pelos bancos de areia e pela falta de dragagem que é fundamental neste momento. Durante a reunião, tivemos conhecimento que o DNIT já tem um programa aprovado para a realização dessa dragagem que precisa ser feita urgentemente”,

salienta o presidente da Fecomércio-AM, Aderson Frota.

O coordenador da comissão de logística do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Augusto César Rocha, afirmou, recentemente, que os contratempos elevaram os custos de frete na região entre 25% e 50%, dependendo do contrato.

Férias coletivas e contratações temporárias

Trabalhadores do PIM Foto: Fieam/Divulgação

A solução para não ocorrer demissões de trabalhadores em decorrência do problema logístico, é ordenar férias coletivas nas empresas que compõem o complexo industrial, segundo Valdemir Santana.

“A ideia é antecipar as férias coletivas que estavam programadas para depois do dia 10 de dezembro, para agora. E quando chegar a matéria-prima, não haja demissão desses trabalhadores. Não é toda fábrica, vai pelos cálculos que fizemos aqui; é em torno de umas trinta e poucas empresas que vão gerar férias coletivas, de 10 a 15 mil trabalhadores, aproximadamente”,

salientou o presidente do Sindmetal-AM.

Na opinião do economista Ailson Rezende, a medida é a melhor alternativa no momento, já que não há como manter uma continuidade no trabalho devido às condições da região.

“Férias coletivas é a melhor alternativa para os empresários, visto que a entrega da matéria-prima de produção está prejudicada e os estoques de produtos acabados estão cheios”,

assentiu o profissional.

A Fieam fez uma projeção informando que não haverá demissões na indústria durante este período que enfrentamos, mas o economista Ailson se mostra mais cauteloso ao posicionamento da federação.

“As demissões são causadas pela paralisação prolongada da produção, as empresas não têm como manter os funcionários sem produção, venda e faturamento. Há o risco de demissão sim!”,

ressaltou Rezende.

A mesma projeção apontou ainda que não ocorrerão contratações temporárias no final do ano, como geralmente acontece. Sobre esta situação, o economista falou sobre os impactos no mercado amazonense.

“A falta desta oportunidade afeta diversos setores da economia estadual, principalmente o setor de serviços. Para cada emprego direto no PIM, são gerados pelo menos 4 empregos indiretos. Sem as contratações, não há geração de renda e o ciclo virtuoso da economia para girar”,

finalizou o especialista Ailson Rezende.

Posicionamento sobre a medida

A Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares – Abraciclo, por meio de nota, disse que o cenário atual é de atenção e que todas as suas 14 associadas realizam monitoramento contínuo da situação.

O Cieam também se manifestou e pontuou que aguarda o resultado de uma pesquisa entre associados para divulgar oficialmente sobre como as empresas estão gerindo a logística delas com as limitações impostas pela estiagem. Ainda conforme o órgão, as empresas se planejaram para o período da seca sazonal para não faltar insumos, mas em caso necessário a adoção de férias coletivas é uma alternativa.

O Polo Industrial gera hoje 110.667 postos de trabalho diretos, incluindo empregados efetivos, terceirizados e temporários, segundo os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, divulgados pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

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