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COM A PALAVRA

José Melo planeja gerar novas matrizes econômicas para o Amazonas

Nesta edição de “Com a Palavra”, a equipe do Em Tempo conversou o ex-governador José Melo

Nesta edição de “Com a Palavra”, a equipe do Em Tempo conversou o ex-governador José Melo. Candidato a deputado estadual pelo Partido Republicano da Ordem Social (PROS), durante a entrevista Melo comentou sobre o seu retorno para a vida política após três anos de reclusão e os seus projetos para o desenvolvimento socioeconômico do Estado com base na geração de novas matrizes econômicas.

Amazonense de Ipixuna, professor e economista, José Melo já passou pelos cargos de parlamentar no âmbito estadual e federal, secretário de Amazonino Mendes e Eduardo Braga, vice-governador na gestão de Omar Aziz e governador do Amazonas nas eleições de 2014.

Confira agora a entrevista:

Sobre a sua candidatura, o que levou o senhor a vir pelo cargo de deputado estadual e o que a sua campanha vai abordar, principalmente, após esses anos afastado da política?

“Ontem fui para a Zona Leste de Manaus e uma pessoa perguntou sobre o porquê de vir para esse cargo, tendo em vista os outros cargos que ocupei durante minha trajetória política e eu respondi que volto pelo futuro do Amazonas. Quando fui governador, expus a ideia que eu tinha de que o Estado tinha tantas riquezas na sua natureza e que teria que haver uma forma, do ponto de vista sustentável, de explorá-las. A Zona Franca de Manaus é um modelo maravilhoso, mas não conseguir ir a fundo. Visto que 17% dos jovens em idade de emprego, ainda não tiveram a experiência de primeiro emprego. No momento em que conversamos sobre isso fui cassado.

Mas agora, após três anos estudando o meu Estado, voltei com mais informações, reescrevi a matriz econômica ambiental e trago agora minha pré-candidatura para que eu possa, ao lado dos deputados estaduais, discutir e aprovar as leis com o intuito de permitir que os investidores brasileiros e estrangeiros venham para o Amazonas para explorar as riquezas e contribuir para a preservação da Amazônia. Eu volto para gerar emprego, renda, qualidade de vida e fortalecer a Zona Franca de Manaus com outra matriz econômica. Imagino que posso contribuir muito para o futuro do nosso estado”.

O senhor viaja muito para o interior do Estado, o que o senhor tem em mente para essa parcela da população e o que imagina que possa ajudar caso seja eleito na Assembleia Legislativa do Amazonas?

“A Zona Franca de Manaus é um modelo concentrador de riquezas, empregos e tudo. Mas e o interior do Estado? Para asfaltar um município, só é possível com a caneta do governador. A geração da atividade econômica está aqui [na capital], mas se você olhar o interior… São Gabriel da Cachoeira tem algo entorno de US$ 40 trilhão de dólares em nióbio, Autazes, Nova Olinda ou Itacoatiara US$ 750 bilhões de potássio. Temos uma bacia de gás e petróleo que começa em Carauari e vai até a foz do Amazonas. O gás é extremamente rico em nitrogênio.

Temos talvez a maior reserva de outro do mundo, uma variedade enorme de gemas no Brasil inteiro, a possibilidade de ser o maior produtor de peixe de água doce do mundo, temos 20% da água doce da terra aqui em cima e 49% no chão, temos a possibilidade de ter um polo de cosmético, de madeira manejada e as possibilidades turísticas incontáveis no interior. Então, interior depende da caneta de um governador para asfaltar uma rua. Para o interior, eu tenho matriz econômica ambiental e, em 20 anos, pode até ser mais importante que a Zona Franca de Manaus. Hoje é Manaus carregando o interior, futuramente será Manaus juntamente com o interior carregando o Amazonas e o povo todo”.

Antes de entrar para a política, o senhor havia se destacado no setor de educação como professor. Como o senhor analisa o cenário atual e o poderia contribuir na área como deputado?

“Não tem bem mais precioso em uma sociedade do que a educação. Os países que descobriram isso cedo, estão hoje na ponta do comando do mundo. Países que foram arrasados com as guerras, se levantaram com a força da educação. O Brasil tem alguns problemas na sua educação de origem e tudo o que aconteceu nos leva ao cenário de hoje. No Estado do Amazonas, a educação pode ser vista em dois momentos: antes e depois da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Antes da UEA, a qualidade era muito ruim pois os professores não tinham a oportunidade de fazer os seus cursos superiores e hoje, 100% dos professores tem sua formação”.

Ao longo dos últimos 32 anos, nada aconteceu na educação sem que eu de alguma forma estivesse dentro. Nós fizemos a escola de tempo integral, escola de 12 salas, o primeiro material escolar, fizemos o plano de cargos e salários, colocamos o ticket-alimentação para os professores, plano de saúde, escola de tempo integral. Tem uma coisa na educação que precisa ser corrigida que é da origem, que é da questão do salário do professor”.

Em relação ao mercado do petróleo e gás, o que o senhor entende que possa ser melhorado?

“Lá atrás o Brasil dizia que o petróleo era nosso, por conta disso atrasamos 50 anos a indústria do petróleo brasileiro, visto que se era nosso ninguém podia vir pegar conosco. Passado 50 anos, o Brasil passou a investir em tecnologia de exloração de petróleo por conta dos valores dos barris. Perfuraram aqui em Nova Olinda, na Bahia, até que descobriram o pré-sal e a Petrobrás desenvolveu a tecnologia que vende para o mundo. Com isso, o Brasil é hoje autossuficiente da retirada do petróleo do subsolo, mas ainda compra um pouco menos da metade do petróleo refinado que precisa.

Aquela história de que o petróleo era nosso, impediu que a tecnologia e os investimentos chegassem no país para a construção de usinas refinadoras de petróleo. Então o Brasil é autossuficiente em retirar petróleo, mas ainda depende do petróleo lá de fora. O petróleo é um commodity e está mensurada em dólar. O dólar sobe por ser flutuante e nós pagamos o preço mais caro da gasolina e do petróleo. Temos uma das maiores reservas de petróleo já conhecidas que vai até Carauari, uma foz do Amazonas que é imensa, pré-sal ainda na extração, mas não temos refinarias para trabalhar nisso. Tudo isso faz com que o Brasil seja dependente e pague um preço muito alto”.

A empresária Jessica Souza pergunta: A Zona Franca de Manaus tem sofrido grandes ataques. O que senhor tem a dizer referente a isso?

“O modelo de desenvolvimento econômico, no começo se importava tudo para cá para vender para o Brasil e com a evolução dos tempos virou para um modelo industrial, que você importava só parte dos insumos, agregava valor aqui e depois vendia para o Brasil. Hoje a Zona Franca de Manaus compra do Brasil mais de 75% dos insumos, gera 3 vezes mais impostos para o país do que recebe, ou seja, a ZFM é um modelo maravilhoso. No entanto, o Brasil não gosta desse modelo. Quando você vai para o campo político, só em São Paulo temos 71 deputados e nós temos 8, praticamente não ganhamos nesse ponto. A ZFM é um modelo maravilhoso que gera emprego e renda, mas não está na nossa decisão. A decisão está na canetada lá de fora. A única maneira que tem para nós fortalecermos esse modelo econômico é nos voltamos para as riquezas que o Estado tem, que são muitas. O Brasil e o Amazonas só precisam descobrir isso para criar esse novo viés econômico que vai desenvolver o Estado e o país”.

O estudante Evandro Garcia pergunta: Caso eleito, o que o jovem manauara pode esperar do seu mandato?

“O que o jovem manauara pode esperar do que virá de novo pela frente é a decisão firme de lutar por esse outro modelo econômico. Só vejo uma maneira de expandir essa atividade econômica e é com o que eu chamo de matriz econômica ambiental. Para que todos possamos dar essa resposta do ponto de vista do emprego, de renda ou de qualidade de vida é preciso que estejamos juntos. O Amazonas só tem futuro se for explorar sustentavelmente as nossas riquezas. Temos que deixar a floresta em pé, mas explorar as riquezas. Só assim vamos dar a resposta que milhares de jovens precisam”.

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