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Audiovisual

Roteiristas Amazonenses são selecionadas para o LAB Negras Narrativas Amazônicas, em Belém

Ane Oisapam e Domi, representantes do Amazonas, venceram disputa que envolveu 41 projetos de sete estados da Amazônia Legal

Roteiristas Ane Oipasam e Domi foram escolhidas para laboratório de roteiro em Belém - Foto: Montagem/Divulgação

Manaus (AM) – O Amazonas teve duas roteiristas selecionadas para o LAB Negras Narrativas Amazônicas (LNNA), primeiro laboratório de roteiros voltado para cineastas negros amazônicos,e que ocorre entre os dias 3 e 8 de abril, em Belém. Ane Oipasam foi selecionada com o projeto “A Cura” na categoria Narrativa Seriada-Ficção, e Domi foi escolhida com o projeto “Filhas do Andirá” na categoria Curta-Documental.

O LNNA é voltado para o desenvolvimento de projetos de cineastas negros da Amazônia Legal. Seis projetos audiovisuais participam, ao longo de uma semana, de consultorias especializadas com profissionais atuantes no mercado, além de oficinas de documentário, roteiro, direção e produção. A abertura do evento e as oficinas serão abertas também ao público em geral.

Ao final da formação, no próximo dia 8 de abril, serão oferecidos três prêmios no valor de R$10 mil e um Prêmio Paradiso, no valor de R$ 5 mil, incluindo horas de mentoria. O LNNA é uma realização da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan) em parceria com o Matapi – Mercado Audiovisual do Norte e a Casa Ninja Amazônia, apoio do Projeto Paradiso, Paradiso Multiplica e Secretaria de Estado de Cultura (Secult), por meio do Museu da Imagem e do Som (MIS) Belém, e financiamento da Open Society Foundations.

Atendendo aos diferentes gêneros cinematográficos e formatos de duração, foram selecionados, além dos projetos das amazonenses, as seguintes obras: “A Onça-Celeste”, de Ataw Wallpa (São Luís, MA), na categoria Curta-Animação; “Mesa Pra Um”, de Amanda Drumont (São Luís, MA), na categoria Longa-Ficção; “O Vento é Meu Irmão”, de Rayo Machado (Bragança, PA), na categoria Longa-Ficção; e “As 7 Palmas da Liberdade”, de Mayara Coelho (Belém, PA), na categoria Longa-Documental.

As inscrições para o 1º LNNA ficaram abertas ao longo de todo o mês de fevereiro e contaram com amplo engajamento dos realizadores de cinema da região. No total, foram 41 projetos inscritos, de sete dos nove estados da Amazônia Legal: Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia, Tocantins e Maranhão – Roraima e Mato Grosso ficaram de fora. Segundo André Araujo, produtor e pesquisador de Salvador (BA), que participou da curadoria, a qualidade dos projetos inscritos tornou difícil a definição dos selecionados, mas a equipe responsável levou em consideração alguns critérios. 

“Além do próprio mérito do projeto e de sua proposta narrativa e estética, também pensamos no perfil de profissionais que poderiam melhor aproveitar o espaço de desenvolvimento. Afinal, o LAB não se limita a pensar o projeto em si, mas contribuir com o desenvolvimento profissional de seus participantes para além daquela obra, fortalecendo sua atuação no mercado audiovisual. De toda forma, estamos satisfeitos com o resultado, mas fica o desafio de pensar como ampliar a representação de outros estados da região em próximas edições”, destaca.

A partir da análise dos projetos, a atriz e produtora cultural acreana Karla Martins, que também participou da curadoria, entendeu que o LAB será um espaço de debate inovador, já que é o primeiro a discutir a produção audiovisual sobre o recorte de raça na Região Amazônica.

“Isso é muito interessante, porque a gente pôde perceber a Amazônia entendendo e fazendo um mergulho profundo, artística e culturalmente, no recorte racial – algo que demorou para estar presente de maneira orgânica na história da região. Quando a Amazônia faz um processo de aprofundamento com realizadores audiovisuais sobre essa questão, é lançado um espaço de compartilhamento e, ao mesmo tempo, um espaço onde algumas questões são novas, que tem a ver com essas do local, do fazer artístico, cultural, com o recorte específico de raça. Esse recorte passa a ter uma importância estrutural para um pensamento de audiovisual territorializado”, avalia.

Conheça as atividades abertas ao público geral:

03/04 – 19h às 22h – Cedenpa (Pass. Paulo VI, 244 – Cremação)

Mesa de abertura: Do movimento de mulheres negras ao pensamento afro amazônico nas artes

Convidadas: Nilma Bentes, Joyce Prado e Rayane Penha

Mediação: Karla Martins

04/04 – 19h às 22h – MIS (Av. Nazaré, 194 – Nazaré)

Oficina de documentário: Da pesquisa à ideia, do roteiro à montagem – documentário é invenção

Oficineiros: Fabio Rodrigues Filho e Luana Rocha

05/04 – 9h às 12h – MIS (Av. Nazaré, 194 – Nazaré)

Oficina de roteiro: Narrando mundos melhores

Oficineira: Maíra Oliveira

05/04 – 14h às 17h – MIS (Av. Nazaré, 194 – Nazaré)

Oficina de direção: Proposta de direção – do desenvolvimento à finalização

Oficineiras: Joyce Prado e Mariana Nunes

06/04 – 9h às 12h – MIS (Av. Nazaré, 194 – Nazaré)

Oficina de produção executiva: Um olhar sobre o desenvolvimento do projeto

Oficineiro: Emerson Dindo

Sobre o LAB Negras Narrativas

O LAB Negras Narrativas é um projeto de ampliação e descentralização das ações da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan). A Apan é uma entidade fundada em 2016, dedicada à missão de consolidar, nos mais distintos campos do audiovisual, a presença de pessoas negras, de maneira a promover narrativas, combater o racismo estrutural e referenciar possibilidades de construção coletiva nas políticas públicas e no mundo do trabalho. Desde seu nascimento, dedica-se ao fomento, valorização e divulgação de realizações audiovisuais protagonizadas por pessoas negras, bem como a promoção desses profissionais no mercado audiovisual brasileiro e internacional.

Em 2023, o LAB realiza sua primeira edição voltada exclusivamente para os realizadores e projetos da Região Amazônica e quinta edição nacional. Desde 2016, a plaforma garante aos participantes, palestras e consultorias nas áreas de direção, roteiro e produção, compreendendo toda a cadeia produtiva do audiovisual, com objetivo de criar bases para inserção e permanência desses profissionais negros nesse mercado. A ideia de regionalizar a discussão veio do crescimento registrado nos últimos anos de mais de 50% de realizadores da Região Norte no mercado nacional de cinema – são aproximadamente 295 produtoras independentes registradas e ativas na Agência Nacional do Cinema (Ancine).

“Pensar cinema negro é pensar cinema brasileiro, afirmando isso em nossa pluralidade de negritudes. Daí a importância de trazer, para o centro do debate, o imaginário amazônico ainda não pautado na agenda nacional. A atenção às narrativas amazônicas se orienta na possibilidade de ter realizadores negros como protagonistas na construção de políticas públicas para a região e na afirmação de uma autoimagem do cinema amazônico a partir do domínio das ferramentas de produção audiovisual no contexto atual”, conta Rodrigo Antonio, cineasta paraense, presidente da Apan e diretor executivo do LAB Negras Narrativas.

*Com informações da assessoria

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