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CPI do 8/1

Coronel da PM diz que Abin avisou sobre invasões golpistas

Coronel recebeu aval do STF para ficar em silêncio nas questões que possam levar à autoincriminação e chegou a apresentar atestado médico

Brasília (DF) – A CPI do 8/1 interroga, nesta segunda-feira (26), Jorge Eduardo Naime, ex-chefe do Departamento Operacional (DOP) da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Ele afirma que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) só avisou as forças policiais sobre a invasão às 10h.

Naime dá conta da exisência de um relatório da Abin, comprovando o disparo da informação sobre atos às 10h. “Ou as agências não passaram a informação para o secretário [de Segurança] e o comando-geral, ou eles ficaram inertes”, disse o coronel.

De acordo com Naime, no dia anterior aos atos foi criado um grupo chamado “Sisbin”. O coronel aponta que relatório da Abin indica provável participação do GSI do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ele cita nominalmente: o chefe do Centro de Inteligência, Coronel Reginaldo; Comando Policiamento Regional Metropolitano I, tenente Júnior; a Dra. Marília, delegada federal e e chefe da subsecretaria de inteligência; e o coronel da PMDF Jorge Henerique Pinto.

“Quando não colocaram o DOP, cegaram o chefe do Departamento de Operações e o subcomandante geral. Cegaram todo o braço operacional”,

disparou Jorge Eduardo Naime.

O coronel, preso desde janeiro, voltou a declarar que a “ação da PM sempre foi limitada pelas Forças Armadas”. Naime também alega ter sido impedido de conduzir manifestantes para fora do Alvorada, no dia 12/12 do ano passado, pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Bolsonaro.

Seu depoimento dá sequência aos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos golpistas ocorridos em Brasília.

Mais cedo, o coronel recebeu aval do STF para ficar em silêncio em questões que possam levar à autoincriminação e chegou a apresentar um atestado de depressão que o dispensaria de comparecer à comissão. A secretaria do colegiado, no entanto, pediu uma reavaliação do laudo pela junta médica do Senado Federal.

O coronel passou pela checagem médica e garantiu que, independentemente do laudo, iria falar na comissão que investiga os atos golpistas do 8 de janeiro, em Brasília.

Naime iniciou seu depoimento dizendo não estar em condições físicas plenas e afirma estar preso há cinco meses sem saber o porquê. Ele recorda estar de licença quando foi acionado para conter as ações golpistas no dia 8/1. De acordo com o coronel, sua condição de preso o impediu de tomar conhecimento sobre o andamento das investigações.

“Hoje, mesmo numa condição mental não muito favorável, eu resolvi vir aqui em respeito à vossa excelência, em respeito ao Congresso Nacional, Casa que eu sempre defendi, que eu sempre operei e sempre estive presente das maiores operações com esta Casa, defendendo o Estado Democrático de Direito”,

disse Naime ao presidente da CPI Mista, Arthur Maia (União-BA).

O coronel da PM também disse ter sido impedido pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ainda durante o governo Bolsonaro, de escoltar manifestantes que iriam ao Palácio da Alvorada conversar com o então presidente, em 12 de dezembro de 2022. Segundo Naime, quando ele chegou ao local, os bolsonaristas já estavam falando com o chefe do Executivo federal.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Jorge Eduardo Naime a ficar em silêncio nas questões que possam levar à autoincriminação na CPI. O depoimento do coronel Naime está marcado para acontecer nesta segunda-feira (26), às 14h.

A decisão acatou parcialmente o pedido da defesa do coronel à Suprema Corte para que Naime não fosse obrigado a comparecer à CPI do 8/1. A solicitação de salvo-conduto, segundo os advogados, visa evitar que o oficial da PMDF sofra “constrangimentos” emanados por parte dos integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, realizada no Congresso Nacional.

“A testemunha tem o dever de se manifestar sobre os fatos e acontecimentos relacionados ao objeto da CPMI ligados ao exercício da sua função pública que então exercia, devendo, contudo, ser assegurada a garantia de não autoincriminação, se instado a responder a perguntas cujas respostas possam resultar em prejuízo ou em sua incriminação”,

escreveu Moraes, na decisão.

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