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Movimentos indígenas

Movimentos indígenas da Amazônia pedem demarcações em mobilização nacional

O evento, que iniciou nesta segunda-feira (4), ocorre todos os anos e o principal objetivo entre as demandas das entidades presentes na mobilização é a pauta da demarcação de terras

Cerca de 6 mil indígenas estão reunidos em Brasília - Foto: Divulgação

Manaus (AM) – O Acampamento Terra Livre (ATL) já reuniu mais de 120 representantes dos povos indígenas e cerca de seis mil indígenas em Brasília.  O evento, que iniciou nesta segunda-feira (4), ocorre todos os anos e o principal objetivo entre as demandas das entidades presentes na mobilização é a pauta da demarcação de terras. Na Amazônia, diversos movimentos indígenas participam da mobilização nacional no centro da capital do país.

A 18ª edição do ATL traz como tema “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política” e terá diversas ações, debates, marchas e plenárias que se estenderam até o dia 14 de abril.

Entre as atividades desta quinta (7), há a discussão sobre “O presente e futuro da saúde indígena” e no final do dia, para finalizar as ações de hoje, acontece uma plenária sobre os “Sistema de Produção e econômica indígena”.

Demarcação de terras

Conforme o representante do movimento indígena urbano do povo Munduruku, localizado no Parque da Tribos, em Manaus, Ismael Munduruku, a demanda central que mobilizou diversas organizações indígenas que estão concentradas em Brasília é a continuação das demarcações das terras. De acordo com Ismael, o processo da demarcação das terras atualmente está parado.  

 “As demarcações das terras estão travadas há muitos anos. Terras que estão originalmente habitadas por indígenas, mas nunca foram demarcadas por causa do interesse muito grande da bancada pecuarista e da bancada da agricultura na Câmara Federal e no Senado”, afirma Ismael.

Ismael Munduruku

Um dos destaques que aconteceu nesta terça-feira (5) durante as ações no ALT foi o lançamento da Carta Aberta contra o PL 191, que visa regularizar a mineração e a exploração de recursos em terras indígenas.

“O povo brasileiro tem o dever de conhecer os graves impactos econômicos, sociais e ambientais que poderão decorrer da aprovação do Projeto de Lei (PL) nº 191/2020, não somente para os povos indígenas, mas para todos nós”, enfatiza o texto.

Para Ismael, a PL 191 fere princípios constitucionais, como o respeito pela demarcação e a exploração em territórios indígenas.

“Vão tirar todos os recursos e os indígenas vão continuar do mesmo jeito, vivendo sem recursos, sem acesso a nada e vivendo na pobreza”, afirma.

Demandas locais

Em relação às lutas no Amazonas, um dos problemas referentes a educação é a falta de professores indígenas que conheçam as línguas dos diferentes povos. “Por exemplo, eu represento o Parque das Tribos aqui na cidade e aqui há dezesseis idiomas diferentes. Então, precisamos de educadores que tenham essa sensibilidade”, disse.

Além disso, Ismael Munduruku ressalta que a mobilização busca que as autoridades reconheçam os direitos e a soberania dos povos indígenas, seja pelo oferecimento de políticas públicas que ofereçam melhores condições em serviços de saúde, como também em melhorias no setor da educação.

“Desejamos atendimento de qualidade na saúde para os indígenas que habitam a área urbana e para os indígenas que moram nas aldeias. É um pouco desumano esse atendimento que é precário. Muitos atendimentos acabam chegando nas aldeias de uma forma amadora”, afirma.

No total, cerca de 28 indígenas do povo Munduruku estão participando do Acampamento Terra Livre, localizado na Fundação Nacional de Artes (Funarte), em Brasília. Além deles, Ismael e mais outras 12 pessoas, que ainda se encontram em Manaus, se juntarão ao movimento daqui a dois dias.  

Além de representantes Mundukuru que vivem em Manaus, também estão presentes no ALT dirigente do Alto Solimões, do Vale do Javali, do Alto Rio Negro, de São Gabriel da Cachoeira e movimentos do município de Barreirinha, de acordo com Ismael.

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